Não é curioso que um blog chamado Gabinete de leitura tenha poucas sugestões de leitura? Hora de corrigir isso!
A dica de hoje é um artigo chamado Budismo, marcialidade e legitimação da violência: O Kung Fu e as disputas historiográficas sobre o mosteiro de Shaolin. Para quem está na dúvida (o texto tem 18 páginas), aqui vai o resumo:
O ensaio reúne as contribuições da historiografia recente para a compreensão das
relações entre Budismo, marcialidade e ascese na tradição marcial do Mosteiro
de Shaolin, tradicional centro de cultivo de artes marciais e um dos berços
da espiritualidade Chan, localizado no Norte da China. Para responder às interrogações
centrais sobre a relação entre a marcialidade, a violência e a cultura
chinesa, recorreu-se à literatura de época, à filmografia que abordou o tema e a
entrevistas com mestres e praticantes de kung fu.
O artigo vale a pena por tratar de alguns temas bastante interessantes: kung fu (um termo genérico ocidental para as artes marciais chinesas), Shaolin (um mosteiro no interior da China cujos monges desenvolveram uma tradição marcial) e como algumas correntes do budismo, uma religião teoricamente pacifista, incorporaram esse elemento de violência. O processo é um pouco parecido com o que aconteceu no cristianismo: racionalizaram a contradição dizendo que para defender a fé a violência era permitida.
Dê uma chance ao texto. André Bueno (o blog dele, Orientalismo, pode ser acessado do link à esquerda) escreveu uma vez que daria para fazer um congresso de sinólogos brasileiros dentro de uma kombi. Acho que ele não estava brincando, e que na kombi ainda caberiam a plateia e o motorista. Para começar a mudar isso, o mínimo que o resto de nós pode fazer é ler o que esse pessoal produz e ver que a China tem uma história que merece mais atenção do que vem recebendo aqui na periferia cultural.
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